sábado, 25 de setembro de 2010

Meu amor pelos cachorros

Trudy com cara de: ué, sua barriga tá crescendo!

"Um cão não precisa de carros modernos, palacetes ou roupas de grife. Símbolos de status não significam nada para ele. Um pedaço de madeira encontrado na praia serve. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele." - John Grogan, autor de "Marley e Eu - minha vida ao lado do pior cão do mundo"


Não faço ideia de quando isso começou. Sei que desde que me lembro sou louca por animais. Todos.
Odeio baratas, tudo bem. Mas não jogue inseticida nela. Se é para matar, jogue logo um chinelo.
Bom, e daí? E daí que nessa vida de loucura por animais eu tive ratinhos brancos (aqueles de laboratório) a infância toda. Tive passarinho, peixe, gato. Galinha, pato... Mas demorei a convencer meus pais de que um cachorro seria uma boa.
Às vezes eu cuidava de um cachorro na rua, ia na casa de uma amiga dona de cachorros... e ficava louca! Na casa da minha tia tinha um beagle. Eliote. Eliote era o máximo. Era divertido, abusado, e tinha um olhar que derrubava nossos doces e sorvetes no chão. Sinto de não ter fotos agarrada naquelas orelhas. Ele era bom demais, e quando eu ia lá rolava no chão com ele.
E aí, um dia em 1994, a dona da mercearia da minha rua contou que sua pinscher havia dado cria. E eu decidi que era minha chance de convencer meu pai. Charminho aqui, chantagem emocional ali - já que tínhamos dado os patos e galinhas para uma obra, que nunca aconteceu, no quintal - e ele aceitou. Desde que o nome do nanico fosse Hércules.
O pentelho assumiu o papel que lhe cabia pelo nome com que foi batizado, e se tornou um terror.
Dois anos depois, eu ia à padaria e ouvi um choro vindo de uma casa que estava vazia. Olhei pelo portão e vi um pedaço de agasalho. E sobre ele, um bichinho tão pequeno que mal dava para perceber o que era. Pulei o muro pela casa da minha amiga, passei a miniatura de cachorro para ela e pulei de volta. Em uma caixa, acomodei a pequena criatura e levei para casa.
Ela não conseguia nem beber o leite no pote. Mamadeira era grande demais. Partimos para o conta-gotas. Noites em claro (por isso que eu digo... já fiz estágio para mãe! Esses meus cachorros me deram muito trabalho!), ração desmame e vacinas. Bebê - que seria um poodle com cocker, segundo o veterinário do bairro - hoje mais parece um labrador.
Dez anos depois da chegada de Bebê à família, eu ia trabalhar e ao chegar à porta do trabalho, dei de cara com uma cachorrinha preta, com roupa de boneca apertada, molhada e com uma falha de pelo na cabeça. Ela me olhou, balançou o rabo e pediu colo. E adivinha?
Liguei pra minha mãe, avisei que estava levando a pequena para casa e quando cheguei lá, uma toalha seca, um banho quente e uma roupa limpa a esperava.
Trudy foi o nome de uma mulher muito rica de Manhattan - tirei do livro "Fama e Anonimato" de Gay Talese, um dos maiores jornalistas literários, e um livro de perfis incrível - e eu achei que com a sorte dela, Trudy era o nome perfeito para ela.
Trudy ficou doente várias vezes, gastei os tubos - o que tinha e o que não tinha - com ela no primeiro ano de vida dela, penúltimo ano de faculdade, ganhando pouco e gastando muito.
Mas o amor por ela cresceu. E ela cresceu. E foi dormir na minha cama. E o então namorado a adotou como dele também. E quando a gente casou, ela veio para a nossa casa.
Hoje, eu não imagino minha vida sem ela.
Eu a amo taaanto, mas taaaanto, que chego a chorar abraçada nela. Isso, antes de engravidar. Imaginem agora, o que eu não choro.
É o cachorro perfeito.
Ela deixa fazer o que quiser com ela.
Você pode colocar remédio na garganta, pingar floral na boca, limpar os ouvidos, virar do avesso, banho, tosa, secador. Tudo ela aguenta. Só não aguenta a ansiedade de sair na rua.
Todos os amigos que vêm aqui em casa têm que gostar de cachorros, porque ela é dócil e gosta de todo mundo. E não pensa duas vezes em se jogar no colo de quem quer que seja para receber carinho e amassos.
O marido, que era o mais fechado para amar um cachorro, hoje se derrete.
E eu imagino a diversão que vai ser daqui a algum tempo, um ano talvez, quando ela e Diogo puderem interagir.
E eu não trocaria a Trudy por cachorro nenhum no mundo.
Porque ela é meu vício, minha vida, e ver "Marley e Eu" hoje pela terceira vez me fez pensar que eu não quero que chegue o dia em que eu tenha que escolher entre a eutanásia e minha cachorra.
Mas isso vai demorar.
E por enquanto, a única certeza que eu tenho, e que eu posso garantir:
Amor por cachorro é contagioso.

Um comentário:

Mariana Dias disse...

Ahh que lindo Raquel! Deu saudade da minha Nina doidinha!